O casamento do Rebe


O casamento do Rebe

 

Em 14 de kislev (27 de novembro de 1928) o Rebe se casou com a Rabanit Haya Mushka (1901-1988), que era segunda filha do Rabi Yossef Yitzhak.

 

O casamento do nosso Rebe com a Rabanit Haya Mushka aconteceu em Varsóvia, Polônia, na terça-feira à tarde, em 14 de Kislêv de 1928.

 

Centenas de hassidim da Polônia , da Lituânia e da Rússia Branca vieram para o casamento, e também grandes Rebes e grandes rabinos.

 

Logo após o casamento, o pai da Rabanit Haya Mushka, o Rebe Yossef Itzhak, pediu para o jovem casal morar em Berlim que era naquela época a capital intelectual da Europa Ocidental.

 

Em Berlim o Rebe atuou como Tzadik Nistar, um Tzadik oculto. Tudo o que o jovem casal fez em Berlim foi orientado pelo seu sogro. Uma dessas missões ocultas foi o fato de o Rebe ter ido estudar na universidade de Berlim.

 

Rabi Yossef Ber Soloveichik também se encontrava em Berlim naquela época e os dois estudaram na universidade juntos.

 

Rabi Soloveichik contou que o Rebe trazia uma Guemará ou outros livros sagrados nas aulas da universidade, e o colocava o livro  dentro dos livros da universidade.

 

Uma vez um dos professores viu que o Rebe estava lendo um livro judaico no  falta no meio da sua palestra, e disse ao Rebe:- “você pode repetir alguma palavra daquilo que eu disse?” Humildemente, o Rebe se levantou e repetiu a palestra inteira, palavra por palavra!

 

Em 1933 o Rebe teve que deixar a Alemanha por causa do nazismo. Em Heidelberg o Rebe recebeu um diploma de engenharia superior, e de lá o jovem casal se mudou para Paris.

 

Em Paris o Rebe entrou na universidade de Sorbonne e recebeu um diploma de engenharia mecânica, com especialização em engenharia naval.

 

Em Paris o Rebe dava aulas de Guemará, e o rabino Eliyáhu Reichman contou que quando era jovem participava todo dia da aula de Guemará do Rebe.

 

Uma vez, depois da aula, foram à estante do Rebe para ver o livro de Guemará que ele estava usando para dar a aula, e descobriram que o livro do Rebe não era aquela Guemará que o Rebe estava ensinando.

 

Ou seja, para que os alunos pudessem usar a Guemará certa, o Rebe usava outro livro, fingia que estava lendo aquela Guemará, mas na verdade ele estava falando tudo decor!

 

O estudo na universidade de Berlim e Sorbonne ajudou o Rebe a resolver dúvidas halá’hicas que surgiram com a fundação do Estado de Israel nos anos posteriores, problemas halá’hicos que não existiram antes disso, aí entendemos porque o Rebe teve que estudar nesses lugares.

 

Muitos desses problemas foram em relação à frota israelense de navegação. Os capitães dos navios alegaram que um navio com tripulação de judeus poderia viajar no Shabat por motivos de perigo de vida.

 

Sendo que eram problemas de segurança em alto mar, o Rebe era obrigado a ter um diploma de engenharia mecânica e naval de uma universidade renomada para que a sua opinião disse levada em conta pelos responsáveis pela frota.

 

O Rebe publicou que a alegação de que certos trabalhos proibidos poderiam ser realizados automaticamente no navio, e de que o navio não poderia parar no meio do mar, demonstrava não somente a ignorância do capitão do navio em relação aos princípios halá’hicos sobre trabalhos automáticos, mas também uma ignorância total em relação à engenharia naval.

 

Com esses diplomas o Rebe conseguiu convencer os rabinos de Israel a não acreditarem nas justificativas dos capitães dos navios israelenses que tinha outros interesses e se aproveitavam da ignorância do rabinato em relação à engenharia naval para acionar os navios no Shabat e até destilar água do mar para o consumo dos passageiros no meio do próprio Shabat .

 

 

 

Rabino Gloiber

Sempre correndo

Mas sempre rezando por você

www.rabinogloiber.org 

Por que marido e mulher não podem ser iguais?

Rav Moshe Weber explica o que era a caça de Essav:

 

No versículo :- “E amou Itzhak a Essav porque a caça dele estava na sua boca, mas Rifka gostava de Yaakov”. A palavra “caça” geralmente é relacionada ao fato de Essav fazer agrados à seu pai caçando para ele , demonstrando ser um filho prestativo e assim despertando ainda mais o amor natural que o pai já tinha por ele.

 

O Rav Moishe Weber, grande Tzadik que viveu em Jerusalém , explica que a palavra “caça na sua boca” se refere ao próprio Essav que possuía “aprisionada” dentro de si as Almas de grandes Tzadikim que iriam nascer no futuro, como Rabi Akiva e Rabi Meir Baal a Nés entre outros .

 

Itzhak sabia que de Essav iria sair o grande Rabi Akiva e achava que por isso Essav iria fazer Teshuvá. Isso foi o que impulsionou Itzhak a querer dar a Brahá para Essav.

 

A Rabanit Miriam , esposa do Rav Moishe acrescentou:- Se Essav tivesse recebido a Brahá de Itzhak, com certeza Rabi Akiva não seria nem Rabi e até mesmo nem judeu.

 

Por que Rifká pensava diferente?

 

O Zohar nos conta que Itzhak era a Guevurá intensa e Rifka era “Guevurá leve com um fio de Hessed pendente”. Por causa desse ” fio de Hessed” Itzhak não se apaixonou por ela logo que se casou , mas com o tempo o amor surgiu , como está escrito :- “Ele se casou e a amou”. Primeiro se casou e depois a amou .

 

O Zohar nos conta que D’us faz por milagre as pessoas se casarem dessa maneira , uma diferente da outra, como no caso de Itzhak e Rifka , ele Guevurá e ela uma leve guevura com um fio de Hessed pendente, para que um equilibre o outro criando harmonia no mundo.

 

 

Rabino Gloiber

Sempre correndo

Mas sempre rezando por você

www.RabinoGloiber.org

Como rezar para a nossa reza ser atendida?

 

Nossa Parashá nos conta que Yaakov lutou contra um anjo e venceu.

 

Como pode Yaakov ter lutado contra um anjo, uma criatura espiritual, e porque Yaakov precisou da benção desse anjo que era nada mais nada menos que o anjo de Essav?

 

Diz o Zohar que o anjo para poder interagir nesse mundo é obrigado a se revestir em uma forma material e por isso Yaacov conseguiu materialmente lutar contra ele e vencer.

 

Yaakov insistiu para que o anjo concordasse com o fato de as Bra’hót pertencerem à ele para que esse anjo não se tornasse lá encima um Kitrug (um anjo promotor) contra o povo de Israel acusando no tribunal Divino de termos roubado a prosperidade de Essav.

 

O Zohar nos conta que Yaakov não quis ter proveito dessas Bra’hót nesse mundo e as guardou para os tempos do Mashia’h.

 

Por enquanto Essav se aproxima com 400 homens para atacar Yaakov….. e agora?

 

Como se faz para receber um milagre e ainda guardar os méritos para os tempos do Mashia’h?

 

Tefilá! Yaakov rezou para D’us ajudá-lo e não precisa usar seu mérito e dele.

 

Aprendemos algumas regras básicas em relação às nossas rezas:

 

Aprendemos que quando rezamos devemos explicar e especificar o que queremos de maneira clara e detalhada.

 

D’us está em todo lugar e sabe o que queremos mesmo sem pedirmos, mas aprendemos com Yaakov que para recebermos alguma coisa sem pedir necessitamos de um grande mérito lá em cima que até o próprio Yaakov, o maior dos patriarcas preferiu não usá-los enquanto não fossem extremamente necessários.

 

E se até Yaakov que tinha de verdade esse mérito preferiu guardá-lo para que possamos usá-lo nos tempos do Mashiach e por isso rezou detalhadamente para não precisar usar aquele mérito, quem somos nós para esperar que D’us faça um milagre sem pedirmos.

 

E mesmo que muitas vezes D’us nos faz verdadeiros milagres em coisas que nem chegamos a saber, mesmo assim o certo é pedirmos detalhadamente quando sabemos o que precisamos, e isso por dois motivos:

 

1 – Se não rezarmos talvez o milagre não aconteça.

 

2 – E se acontecer, ele poderá ser descontado dos nossos méritos.

 

Por isso, diz o Zohar, Yaakov detalhou a sua reza dizendo: – “Me salve por favor” (talvez de Lavan?) “do meu irmão” (parentes eram chamados de irmãos!) “de Essav” (e o motivo que eu preciso disso?) “para que ele não venha e ataque mulheres e crianças”.

 

Mesmo que essa reza foi curta, somente três versículos, vemos que ela conteve todos esses detalhes e foi eficiente. Nós próprios somos a prova ”viva” de que a Tefilá dele funcionou !

 

Se é assim, porque a melhor reza para resolver qualquer problema de saúde, financeiro, de família, social ou de qualquer outro tipo , é ler Tehilim que não estão especificando nenhum dos seus pedidos, como pode ser que ele serve para tudo?

 

Como pode ser que você lendo uma súplica do rei David pedindo para D’us o salvar de Shaul isso vai ser considerado como se você tivesse pedido detalhadamente e da maneira mais correta possível tudo o que você tinha intenção em pedir?

 

Sobre isso diz o Zohar na nossa Parashá:- “Venha e veja, nesses Tehilim que falou David existem segredos e assuntos elevados nos segredos da sabedoria, sendo que todos foram ditos por meio do Rua’h a kodesh que era um nível de revelação Divina que pairava sobre David e então ele escrevia os Tehilim. Portanto todos os Tehilim foram ditos por meio de segredos da sabedoria” .

 

Ou seja, quando você lê os Tehilim em hebraico você está expressando o seu sentimento e o pedido do seu coração da maneira mais profunda possível.

 

Mesmo assim é bom depois do Tehilim fazer o seu pedido explicito e detalhado como o fez Yaakov!

 

Fora a reza Yaakov se preparou para uma guerra e também mandou presentes para Essav. A Tefilá tem que recair sobre uma ação material, rezamos para que o nosso trabalho dê frutos, pedimos para D’us nos dar sucesso no que fizermos.

 

Essav aceitou os presentes e depois quis devolvê-los mas Yaakov não os aceitou de volta porque sendo sua Tefilá aconteceu por meio desses presentes , se os presentes fossem devolvidos talvez a Tefilá tivesse que recair sobre a guerra que era a outra opção.

 

Daqui aprendemos que quando perdemos algo é porque estamos ganhando lá de cima uma bondade ainda maior mesmo que não percebemos

 

 

Rabino Gloiber

Sempre correndo

Mas sempre rezando por você

www.RabinoGloiber.org

 

 

Por que Essav não se intimidou dos anjos que Yaakov mandou para ele ?

No começo da Parashá anterior Yaakov vê Anjos na visão profética que teve no seu sonho. No final da Parashá anterior ele se encontra pessoalmente com esses anjos e os reconhece como sendo aqueles Anjos que ele viu no seu sonho.

 

Na nossa Parashá ele manda esses Anjos para Essav como primeira tentativa de fazer com ele as pazes.

 

Qualquer pessoa normal se intimidaria em uma situação dessas, mas Essav não se intimida. Os Anjos voltam para Yaakov e dizem que Essav vem atacá-lo com quatrocentos homens.

 

Como pode ser que essas criaturas Divinas não surtiram efeito e Yaakov é obrigado a dividir o povo em dois acampamentos, se preparar para uma guerra, rezar pedindo detalhadamente para D’us salvar ele do seu irmão, de Essav, para que ele não venha e mate as mulheres e as crianças. E Yaakov se vê obrigado até a mandar presentes para ”subornar” Essav?

 

E ainda mais, no final de todos esses preparativos Yaakov acaba ficando sozinho e é atacado pelo próprio anjo de Essav que é um dos setenta ”Sarim” responsáveis pelos povos do mundo, um anjo do nível impuro.

 

Para entender isso vamos pular para o final da nossa Parashá que nos conta sobre os sete reis que reinaram em Edom antes de ter um Rei no povo de Israel.

 

A Torá não conta para nós quantos faraós reinaram no Egito e nem quantos reis reinaram em outros países onde vivemos, e por que a Torá nos conta sobre os reis de Edom, um país onde nunca estivemos?

 

Mas na verdade a história dos reis de Edom é a explicação da estrutura espiritual de Essav com toda a expressão que ela tem no mundo, culminando com nosso “Galut Edom” na qual vivemos no momento. E também nos esclarece o fato de Essav não ter se intimidado com os Anjos que mandou Yaakov.

 

Olam a Tou, o mundo vazio

 

O Zohar nos conta que a história dos reis de Edom aparece na Torá para nos indicar um fenômeno Cabalistico que aconteceu antes de surgir o mundo de Atzilut, chamado de Olam aTikun, o mundo do conserto.

 

A quebra dos receptáculos

 

Antes do mundo de Atzilut existia o Olam a Tou. No Olam a Tou as “Luzes” , a revelação Divina, eram grandes e os receptáculos pequenos.

 

Cada Sefirá no Olam a Tou iluminava intensamente e não dava espaço para outras Sefirot.

 

Por causa disso aconteceu a “quebra dos receptáculos” e as luzes se separaram até caírem nos mundos de Briá Yetzirá e Assiá

 

Por meio do cumprimento dos mandamentos Divinos “consertamos” essas “Luzes” que caíram nos mundos de Briá Yetzirá e Assiá e fazemos elas subirem para o mundo de Atzilut que é o Olam a Tikun, o “mundo do conserto”

 

Na história dos sete reis de Edom encontramos a linguagem “e reinou e morreu” representando as sete Sefirot de Tou aonde aconteceu a quebra dos receptáculos, por isso está escrito “e reinou e morreu” porque uma queda de nível tão grande é comparada à morte.

 

O mundo do Tou é a raiz de Essav e o mundo do Tikun é a raíz de Yaakov. Pelo motivo de a raíz do mundo de Tou ser mais alta do que a raíz do mundo de Tikun está escrito “antes de reinar um Rei em Israel”, demonstrando que os reis de Edom são mais elevados do que os reis de Israel, mas somente na sua raiz.

 

No mundo de Atzilut as Sefirot são divididas em receptáculos separados mas cada Sefirá é englobada em segundo plano dela própria junto com todas outras Sefirot também, mas com uma intensidade menor que não oculta o aspecto principal de cada Sefirá.

 

O fato de o Olam a Tou anteceder o Olam a Tikun está lembrado em Parashat Bereshit também: “o mundo estava Tou vaVou e escuridão sobre a face do abismo”.

 

Descubrimos assim porque Essav não se intimidou com os Anjos de Yaakov, porque a raiz dele era mais alta do que os Anjos.

 

Por outro lado ele se deixou subornar pelos animais que Yaakov mandou de presente para ele, sendo que as “Luzes” de Tou caíram tão baixo, até o aspecto mais materializado desse nosso mundo material.

 

Aprendemos com a nossa Parashá que cada um de nós quando começa o trabalho Divino descobre muitas luzes, mas nossos receptáculos ainda são pequenos, e podemos achar que qualquer meio justifica o fim, fazendo do nosso trabalho Divino uma grande mistura entre o bem e o mal, como diz o Pirkei Avot: “estuda, revisa o estudo, e chuta seu pai e sua mãe e quem é maior do que ele”.

 

Aprendemos com a nossa Parashá que não devemos ser como Essav, muitas luzes mas que tem como consequência a quebra dos receptáculos.

 

Mas devemos ser como Yaakov, menos Luzes e mais receptáculos, uma história mais difícil, mas com um final feliz.

 

 

 

Rabino Gloiber

Sempre correndo

Mas sempre rezando por você

www.RabinoGloiber.org

 

 

Aprendendo com Yaakov

Nossa Parashá nos pergunta por que Yaacov fez uma promessa condicional para D’us , quando o certo seria fazer o trabalho Divino sem querer nada em troca ?

 

A resposta para isso é:

 

Yaakov não achava que podia confiar em seus próprios méritos e também não estava esperando que D’us o recompensasse pelo fato de ele estar cumprindo as Mitzvot , por isso ele optou por acrescentar coisas que se entendiam além das obrigações básicas da lei judaica .

 

Aparentemente uma coisa assim parece ir contra a ideologia dos nossos Patriarcas .

 

Nossos sábios ensinaram que nossos Patriarcas eram tão dedicados à D’us, a ponto de abrir mão de suas vontades pessoais para fazer o trabalho Divino.

 

Eles são comparados a uma “carruagem” que está totalmente submissa a quem a conduz.

 

Assim como no caso de Avraham, quando D’us pediu para ele que fazer uma ação, um “ato físico” para reforçar sua futura posse da terra , através do seu comprimento e amplitude, pediu para ele se levantar e caminhar pela terra , porque aquela terra seria dada para ele” .

 

Também aqui no caso de Yaacov, D’us compactou fisicamente toda a terra de Israel embaixo de Yaacov enquanto ele dormia para enfatizar a futura posse da terra por seus descendentes.

 

O fato de Yaacov ter “dormido” sob a terra , mostraria que Yaacov iria conquistar essa terra de modo fácil .

 

D’us mostrou para Yaacov que para os descendentes dele essa terra seria tão facilmente conquistada como uma área de 4 amot (2 metros) que era a medida do espaço onde Yaacov dormiu.

 

D’us mostrou para Yaacov que a terra que Ele estava prometendo aos seus descendentes não necessitaria de qualquer esforço para conquista-la , assim como dormir sobre o solo.

 

Ou seja, quando chegar a hora da Gueulá a nossa terra prometida desde o rio Eufrates no oriente até o rio Nilo no Egito será nossa com tanta facilidade como o esforço que alguém precisa fazer para deitar e dormir.

 

Então vamos rezar forte para a Gueulá chegar imediatamente e assim vamos receber com toda a facilidade possível e imaginável a Terra que D’us prometeu aos nossos patriarcas dar para os seus filhos que somos nós.

 

Rabino Gloiber
Sempre correndo
Mas sempre rezando por você.

www.RabinoGloiber.org

nossa Parashá – Vayetzê

Vayetzê

 

Nossa Parashá nos conta que nosso terceiro patriarca, Yaakov, saiu de Beer Sheva e foi para Haran.

 

No meio do caminho, a Parashá nos conta que ele “se encontrou com o lugar”, sem especificar qual era o lugar, e depois dormiu lá porque o Sol se pôs.

 

Vemos que depois disso ele continuou sua viagem até Haran, e concluímos que o “lugar” não era o lugar para o qual ele estava viajando, mas que era um lugar tão importante que todos o conheciam como “o lugar”, sem precisar especificar o nome dele.

 

Yaakov estava no meio do caminho entre a Terra Santa e Haran, e não havia lá nenhum lugar de destaque nesse caminho.

Então porque nesse caso a Parashá usa somente a palavra “o lugar” como se estivesse nos contando sobre o lugar mais importante do mundo?

A linguagem do versículo é “se encontrou com o lugar”, nos indicando que um foi ao encontro do outro. Como pode um lugar ir ao encontro de alguém?

 

E também, por que a Parashá tem que nos contar que “o Sol se pôs” e por isso ele dormiu lá, sendo que aparentemente isso é uma coisa óbvia?

 

Fugindo de Essav para Lavan

 

Os dois motivos pelos quais Yaakov teve que sair de Beer Sheva e ir para Haran foram o fato de Rifka ter ouvido que Essav estava esperando seu pai falecer para assassinar Yaakov, e também para Yaakov se casar com a filha de Lavan que não era menos perigoso do que Essav.

 

Por esses motivos Yaakov estava atordoado, e por isso, mesmo tendo passado próximo ao Monte Moriá que era o lugar mais sagrado do mundo, ele não parou lá para rezar.

 

Nossos Sábios nos contam que quando ele chegou no final da Terra Santa, a caminho de Haran, Yaakov se questionou e disse:

 

:– Como pode ser que eu passei pelo lugar sagrado e não parei para rezar lá?

 

Yaakov decidiu viajar de volta para o Monte Moriá, para rezar, e depois voltar para continuar sua viagem à Haran.

 

O “despertar de baixo” causa o “despertar de cima”

 

Diz o Zohar que quando “despertamos” para fazer uma coisa boa nesse nosso mundo aqui em baixo, causamos o “despertar de cima”.

 

Ou seja, quando você toma a iniciativa para fazer uma coisa boa aqui nesse mundo, você desperta a ajuda Divina que é sempre imensamente maior do que a iniciativa que tínhamos tomado.

 

E foi isso o que aconteceu com Yaakov. No momento em que ele tomou a iniciativa de viajar de volta para o Monte Moriá, o Sol se pôs milagrosamente.

 

Por isso o versículo diz que o Sol se pôs, sendo que nesse caso não seria uma coisa óbvia porque não era o horário de o Sol se pôr.

 

E não só isso, mas também D’us fez mais um milagre sobrenatural e sincronizou toda a Terra de Israel embaixo dele, na linguagem dos nossos Sábios “dobrou embaixo dele toda a Terra de Israel”.

 

Por isso D’us disse para ele no sonho profético que ele teve naquele lugar : – “A Terra que você está deitado sobre ela, para você eu vou dar, e para todos os seus descendentes”.

 

Ou seja, a Terra que ele estava deitado sobre ela era toda a Terra de Israel.

 

Nosso primeiro patriarca, Avraham, tinha instituído a reza de Shaharit, a reza da manhã.

 

Seu filho, Itzhak, instituiu a reza de Min’há, a reza da tarde.

 

E agora seu neto, Yaakov, institui a reza da noite, a reza de Arvit.

 

Ele queria ir ao Monte Moriá, mas D’us fez com que o Monte Moriá viesse até ele!

 

O segredo da escada de Yaakov

 

Yaakov adormeceu naquele lugar e teve um sonho profético. Nesse sonho ele viu uma escada apoiada na terra e essa escada chegava até o céu. Ele também viu que os anjos subiam e desciam por ela.

 

Quando o profeta Yeshaiahu (Isaías) descreve a profecia da “Merkavá”, da “Carruagem Divina” do mundo de Briá, e o profeta Yehezkel (Ezequiel) descreve a Profecia da Merkavá do mundo de Yetzirá, eles descrevem os anjos como sendo criaturas com asas representando que absolutamente eles não precisam de escadas para subir e descer.

 

Quando os anjos são citados em qualquer escritura Judaica eles também aparecem e desaparecem “voando”, sem nenhuma necessidade de terem escadas para subir e descer de qualquer lugar, e o principal, sem precisarem de asas também sendo que eles “voam” de uma dimensão para outra.

 

Então uma coisa aqui é óbvia, a escada que Yaakov viu no seu sonho profético não era uma escada de verdade.

A palavra escada na Parashá veio somente para nos mostrar o raciocínio que está por trás desse assunto, e nesse caso, como em vários outros assuntos na Torá, somos obrigados a desmaterializar o conceito.

 

Como por exemplo no caso da criação do ser humano. Quando a Torá nos conta que D’us fez um homem de terra e “soprou” nele uma Alma, isso vai diretamente contra o segundo dos Dez Mandamentos onde está explícito que nenhum conceito material se aplica à D’us.

 

Nesse caso, diz o Zohar, a palavra soprou aparece somente para nos mostrar o raciocínio que está por trás desse assunto e facilitar o nosso entendimento.

 

Quem sopra, diz o Zohar, sopra o que tem dentro, e a palavra soprou aparece no lugar da palavra colocou, para nos mostrar que a nossa Alma Divina é uma parte de D’us.

 

Ou seja, a primeira raiz dela é a Sefirá chamada de Ho’hmá do mundo de Atzilut.

 

Quando a Torá nos conta que D’us “cheirou” o cheiro agradável dos sacrifícios de Noa’h, e jurou que nunca mais iria trazer um dilúvio para a humanidade, aqui também a intenção não é a de que D’us “cheirou”, sendo que nenhum conceito material se aplica à Ele.

 

Então por que a Torá usa a palavra “cheirou” se referindo à D’us, se ele está infinitamente acima de qualquer conceito material?

 

Novamente para facilitar o nosso entendimento, a Torá nos traz o raciocínio que está por trás desse assunto.

 

Ou seja, quando Noa’h transformou o animal que é a coisa mais grotesca do mundo, em Mitzvá, em Trabalho Divino, essa atitude chegou até o nível espiritual mais elevado.

 

Soprou é o contrário de cheirou. Quando a Torá nos conta que D’us soprou a Alma, ela está dizendo que a nossa Alma Divina desceu do nível espiritual mais elevado ao mundo mais baixo.

 

Quando a Torá nos conta que D’us “cheirou” o cheiro “agradável” dos korbanot (sacrifícios), ela está dizendo que o korban, o sacrifício que Noa’h fez, subiu do mundo mais baixo para o nível espiritual mais elevado.

 

Em resumo, D’us não soprou e D’us não cheirou, mas a Torá usa essas palavras para facilitar o nosso raciocínio.

 

Aqui na nossa Parashá, quando a Torá nos conta sobre uma escada, a intenção da Torá também é a de facilitar o nosso raciocínio.

 

Ou seja, os anjos não precisam de escada nem para subir e nem para descer. Então por que a Torá usa a palavra escada? Para facilitar o nosso entendimento.

 

Diz o Zohar que a escada nesse caso é a Sefirá chamada de Mal’hut.

 

Ela é comparada a uma escada que liga o nosso mundo ao mundo superior.

 

Quando nos comportamos da maneira correta, estudamos Torá e cumprimos os Mandamentos Divinos, a Mal’hut sobe e se une a Sefirá chamada de Yessod que está acima dela.

 

A Yessod recebe a fartura e a abundância das Sefirót que estão acima dela e repassa para a Mal’hut e a Mal’hut transforma a abundância espiritual em bens materiais.

 

Um exemplo para isso é uma mãe que após comer um jantar de Shabat completo, com vinho, pão, peixe e saladas, carne com batata, sucos e sobremesa, transforma tudo isso em leitinho para o nenê

 

Se ela desse todo esse jantar de Shabat para o nenê do jeito que foi oferecido para ela, o nenê simplesmente morreria de fome.

 

Não por causa da qualidade desses alimentos, mas por causa da incapacidade do nenê em relação a esse nível de alimentação

 

Então a mãe come toda essa comida, transforma ela em leitinho e depois dá de mamar para o nenê, e só assim ele consegue assimilar esse “jantar de Shabat” e crescer saudável.

 

Mas quando nosso comportamento decai, quando não encontramos mais tempo para estudar Torá e perdemos o interesse em cumprir os Mandamentos Divinos, enfraquecemos a Mal’hut lá em cima, e ela cai ao nível dos setenta anjos responsáveis pelos setenta povos que vem “mamar” da Mal’hut no nosso lugar.

 

Esses anjos pertencem ao lado impuro, e eles tem uma cota de vitalidade pré-determinada para repassar aos povos pelos quais eles são responsáveis.

 

Esses anjos estão na função de intermediários entre a fartura repassada pela Mal’hut e o povo que cada um deles representa.

 

Cada um deles serve como um “deus” para aquele povo que é representado por ele.

 

Quando a Mal’hut baixa de nível devido ao nosso comportamento ela desce ao nível deles.

 

Quando isso acontece eles acessam à ela, conseguem sugar a abundância Divina que estava guardada para nós e repassá-la para os povos aos quais eles são responsáveis.

 

E esses anjos, diz o Zohar, foram os anjos que Yaakov viu “subindo” por aquela escada. Primeiro subindo, sendo que o nível deles é baixo e eles só conseguiram subir devido a “queda” da Mal’hut.

 

Yaakov também viu que quando fazemos Teshuvá, voltamos para o bom caminho, encontramos tempo para estudar Torá e voltamos a cumprir os Mandamentos Divinos, a Mal’hut sobe novamente.

 

Então esses anjos que são chamados de “Sarim” (ministros), porque eles governam os povos do mundo, são obrigados a descer para não se desintegrarem com a subida do Mal’hut para o nível espiritual mais elevado.

 

E por isso Yaakov viu que os anjos que no começo estavam subindo naquela “escada”, depois estavam descendo.

 

Ele viu o ciclo dos “Sarim” e entendeu que D’us revelou tudo isso para ele porque agora que ele estava saindo da casa dos seus pais para dar origem ao nosso povo D’us mostrou para ele a responsabilidade que estava nas mãos dele e que posteriormente estaria nas nossas mãos.

 

As setenta faces da Torá

 

Encontramos outras explicações para essa passagem da Torá. Uma explicação não anula a outra, mas somente acrescenta mais detalhes à ela.

 

Rashi explica que nessa sincronização da Mal’hut também subiram os anjos que acompanhavam Yaakov da Terra Santa e desceram anjos de outra categoria para acompanhá-lo fora da Terra Santa.

 

Rabi Yeshaiau (Isaías) Horovitz (1565 – 1630) escreveu o livro chamado “Shnei Luhot a Brit” conhecido por suas iniciais “Shla”.

 

Em seu livro ele explica que os Anjos que estavam subindo para o céu eram os Anjos Refael e Gavriel, anjos do primeiro escalão, que levaram uma “suspensão” do tribunal Divino e ficaram na Terra desde a época do nosso primeiro patriarca Avraham até a “escada de Yaakov”.

 

Quando nosso patriarca Avraham fez o “Brit Milá”, a circuncisão, com 99 anos, os anjos Mihael, Refael e Gavriel vieram visitá-lo.

 

Saindo da tenda de Avraham, Mihael voltou para o céu, Gavriel foi destruir Sodoma e Gomorra, e Refael foi com ele para salvar Lot e sua família.

 

Chegando em Sodoma, Gavriel e Refael disseram aos seus habitantes que eles vieram destruir a cidade.

 

Eles achavam que dessa forma estavam fazendo a vontade Divina.

 

Ou seja, como pode ser que D’us que é a essência do bem mandou eles fazerem uma destruição dessas?

 

Mas na verdade eles estavam fazendo contra a vontade Divina, sendo que se eles dissessem que foi D’us quem mandou eles para destruírem a cidade, talvez aquelas pessoas tivessem feito Teshuvá, voltado para o bom caminho, como aconteceu posteriormente em Nínive na época do profeta Yona (Jonas).

 

Por terem feito contra a vontade Divina, esses Anjos receberam uma suspensão, foram obrigados a ficar nesse mundo, e só puderam voltar para o céu naquela revelação da Mal’hut que foi a “escada de Yaakov”.

 

Estamos falando sobre anjos do lado puro, anjos do lado bom. Não se trata do anjo da morte e suas ramificações ou outras categorias diferentes de anjos do lado impuro que não vão mais existir depois da Gueulá como os “setenta Sarim”, os anjos responsáveis pelos setenta povos.

 

Esses Anjos do “primeiro escalão” são anjos do lado bom. Eles são os Anjos do mais alto nível, Anjos do mundo de Briá onde o bem e o mal não se misturam, e, portanto, eles não tem o livre arbítrio.

 

Eles não têm nenhuma inclinação para fazer o mal. Eles não precisam optar entre fazer o bem fazer ou o mal, sendo que eles não têm o lado mal e nem a má inclinação conhecida como “yetzer a rá”.

 

Então como podem eles terem feito algo contra a vontade Divina?

 

Diz o Rebe, eles fizeram contra a vontade Divina achando que estavam fazendo a vontade Divina, fizeram um erro de avaliação.

 

Como pode ser que esses Anjos chamados de Serafim que são os Anjos principais, fazem um erro de avaliação?

 

Por que tudo o que D’us criou não é perfeito?

 

No término dos seis dias da criação a Torá nos conta que “D’us abençoou o sétimo dia e o santificou porque nele cessou todo o trabalho que D’us criou para fazer”.

 

Se D’us terminou todo o trabalho da criação, por que aparece no final do versículo a palavra “para fazer”? Diz o Midrash que a intenção de “para fazer” é para fazer um conserto, para consertar.

 

O Midrash nos conta que tudo o que D’us criou não é perfeito e até mesmo os Anjos do “primeiro escalão” podem fazer contra a vontade Divina por meio de um erro de avaliação causado pela imperfeição de tudo o que foi criado por D’us.

 

E esse é o nosso trabalho aqui nesse mundo, isso D’us deixou para nós. Vivemos neste mundo para nos refinar.

 

Estamos aqui para trabalhar continuamente o nosso intelecto e os nossos sentimentos, e pouco a pouco chegar à essa perfeição que D’us deixou intencionalmente para nós.

 

D’us fez o mundo dessa forma para que tenhamos o mérito de participar da criação do mundo junto com Ele, o mérito de termos feito a parte final da criação, a parte principal!

 

 

 

Shabat Shalom
Rabino Gloiber
Sempre correndo mas sempre rezando por você

 

 

 

Mensagem da Parashá

Quando um Tzadik sai da cidade isso é sentido por todos 🌻❤️🥰

 

Nossa Parashá nos conta que Yaakov Avinu saiu de Beer Sheva e foi para Haran.

 

Se ele estava em Beer Sheva, com certeza ele saiu de lá, então porque a Torá precisa nos contar que ele saiu de Beer Sheva?

 

Para nos ensinar que quando um Tzadik sai da cidade isso é sentido por todos, sendo que ele é o esplendor,ele é o brilho e a beleza da cidade!

 

As atitudes dos nossos patriarcas são um ensinamento para nós, cada um de nós também tem que ser essa pessoa tão especial que “faz a diferença” !

 

Rabino Gloiber

Sempre correndo

Mas sempre rezando por você

www.RabinoGloiber.org

 

Mensagem da Parashá

Toldot – conceitos importantes da Torá oculta

https://mailchi.mp/f96dc2710add/toldot?e=536cc1f43b

Toldot

 

Nossa Parashá nos conta que quando nosso segundo patriarca, Itzhak, tinha quarenta anos, ele se casou com Rifka, filha de Betuel de Padan Aram, irmã de Lavan o arameu.

 

Pergunta o Zohar, por que a Parashá nos conta que Rifka era filha de Betuel, e por que a Parashá nos conta que ela era da cidade de Padan Aram, e também que era irmã de Lavan o arameu?

 

A Torá já tinha nos contado que quando Itzhak tinha 37 anos, depois que ele passou pelo teste de Avraham quase ter feito dele um sacrifício humano, Betuel teve a filha Rifka.

 

Então por que a nossa Parashá repete que ela era filha de Betuel, e ainda acrescenta o nome da cidade onde ela nasceu e também o nome do seu irmão?

 

Responde o Zohar que a Torá nos conta esses detalhes para nos mostrar a grandeza de Rifka

 

Mesmo sendo ela filha de uma pessoa ruim, morando em uma cidade de pessoas ruins e sendo irmã de uma pessoa ruim, mesmo assim ela não se deixou influenciar pelo seu meio ambiente.

Ela é comparada à uma rosa no meio dos espinhos, que mesmo tendo nascido e vivido no meio dos espinhos não se tornou um espinho, mas muito pelo contrário, cresceu uma flor, o contrário dos espinhos.

 

Porque a Torá precisa nos atestar a grandeza de Rifka?

 

Porque naquela época ela tinha três anos de idade e poderíamos pensar que ela não era madura o suficiente para optar em ser uma pessoa boa mesmo não tendo aprendido isso com ninguém.

 

Por isso a própria Torá tem que nos testemunhar que a escolha dela era verdadeira.

 

Quando Eliezer, o servo de Avraham, chegou ao poço de Aram com dez camelos,  já era no final da tarde, quando os pastores já tinham deixado o poço e recolhido seus rebanhos.

 

Naquele horário chegavam as jovens que vinham encher seus jarros de água para abastecer suas casas.

 

Eliézer pediu para Rifka um pouco de água e ela tirou daquele poço água para Eliezer e também para todos seus dez camelos.

 

Tanto pelo horário que essas jovens chegavam ao poço, quanto pela quantidade de água que ela carregava, entendemos que elas eram grandes e fortes, e sendo que esse poço abastecia a cidade inteira incluindo seus rebanhos, entendemos que esse poço era gigantesco.

 

Rifka tinha somente três anos de idade e já era grande e forte, e daqui vemos que não temos como aplicar conceitos de força e tamanho de uma criança de três anos de hoje às crianças de 3.700 anos atrás.

 

Não só que as pessoas cresciam rapidamente, mas também os animais. Mas mesmo sendo uma menina de três anos de idade com um corpo de adolescente, mesmo assim a maturidade não se desenvolvia tão rapidamente como o tamanho das pessoas.

 

Por isso a Torá tem que testemunhar sobre Rifka que ela era exceção de regra, e sua opção em fazer o bem e de não fazer o mal era totalmente madura e consciente.

Adoçando a Guevurá

 

O Zohar nos conta que nosso patriarca Itzhak era a revelação da Sefirá chamada de Guevurá do mundo de Atzilut nesse nosso mundo material.

 

A Guevurá é a essência da rigidez, e essa era a essência de Itzhak. Mas mesmo sendo essa Guevurá, a Guevurá do lado puro, ela não deixa de ser guevurá.

 

Rifka, diz o Zohar, também era guevurá, mas ela já era uma guevurá bem mais leve.

 

Na linguagem do Zohar, uma guevurá com um fio de, Hessed, um fio de bondade.

 

O Zohar nos conta que por causa disso Rifka conseguiu “adocicar” a guevurá de Itzhak conseguindo fazer com que a guevurá dele ficasse bem mais leve.

 

O Zohar explica que D’us tem que fazer um milagre nível abertura do mar vermelho para que uma mulher e um homem se casem.

 

E sendo que o objetivo Divino do casamento é que os dois se refinem, sempre vai haver essa diferença entre o marido e a mulher.

 

No caso de Avraham, ele era a revelação da Sefirá chamada de Hessed (bondade) de Atzilut nesse nosso mundo material.

 

Sarah estava ligada a Sefirá chamada de Guevurá (rigidez).

 

Nosso terceiro patriarca, Yaakov, era a Tiferet que é mais Hessed do que Hessed, e Leah era Guevurá.

 

E esse é o trabalho que Hashem coloca nas nossas mãos. Marido e mulher vão lapidando um ao outro durante toda a vida, mas com jeitinho para não causar atrito.

 

E assim, diz o Zohar, refinamos a nós próprios e consequentemente o mundo fica mais refinado.

 

Por que Itzhak queria dar a Brahá para Essav?

O Zohar nos conta que Itzhak era a Guevura do lado puro e Essav era  Guevura do lado impuro. Essav era o resquício da Guevura de Itzhak.

 

Diz o Zohar que cada pessoa se atrai por alguém que tem as mesmas características, independentemente da procedência dessas características.

 

Por isso Avraham gostava tanto de Ishmael por que ele também era hessed, mesmo sendo Ishmael a hessed do lado impuro.

 

Da mesma forma que existem dez Sefirot no lado puro, paralelamente a elas existem dez Sefirót no lado impuro.

 

A origem desse lado impuro é a quebra dos receptáculos do mundo de Tou, e por isso os quatro mundos que vem abaixo do mundo de Tou são chamados de Olam a Tikun, os mundos do conserto.

 

Esse conserto é o refinamento do lado bom separando dele o lado ruim. Esse é o motivo de ter saído de Avraham que era a Hessed do lado bom, Ishmael que era a hessed do lado ruim. E por esse mesmo motivo, de Itzhak que era a Guevurá do lado bom, saiu Essav que era a guevurá do lado ruim.

 

Sendo que as dez Sefirót do lado ruim que repassam a vitalidade de tudo o que é ruim tem origem na quebra dos receptáculos do mundo de Tou, elas desaparecerão no futuro quando finalizarmos o conserto do mundo do Tou.

 

Então tudo o que é ruim desaparecerá junto com elas, sendo que o lado impuro não vai ter de onde receber sua vitalidade.

A época do Mashia’h é dividida em duas etapas.

Toldot

Nossa Parashá nos conta que quando nosso segundo patriarca, Itzhak, tinha quarenta anos, ele se casou com Rifka, filha de Betuel de Padan Aram, irmã de Lavan o arameu.

Pergunta o Zohar, por que a Parashá nos conta que Rifka era filha de Betuel, e por que a Parashá nos conta que ela era da cidade de Padan Aram, e também que era irmã de Lavan o arameu?

A Torá já tinha nos contado que quando Itzhak tinha 37 anos, depois que ele passou pelo teste de Avraham quase ter feito dele um sacrifício humano, Betuel teve a filha Rifka.

Então por que a nossa Parashá repete que ela era filha de Betuel, e ainda acrescenta o nome da cidade onde ela nasceu e também o nome do seu irmão?

Responde o Zohar que a Torá nos conta esses detalhes para nos mostrar a grandeza de Rifka.

Mesmo sendo ela filha de uma pessoa ruim, morando em uma cidade de pessoas ruins e sendo irmã de uma pessoa ruim, mesmo assim ela não se deixou influenciar pelo seu meio ambiente.

Ela é comparada à uma rosa no meio dos espinhos, que mesmo tendo nascido e vivido no meio dos espinhos não se tornou um espinho, mas muito pelo contrário, cresceu uma flor, o contrário dos espinhos.

Porque a Torá precisa nos atestar a grandeza de Rifka?

Porque naquela época ela tinha três anos de idade e poderíamos pensar que ela não era madura o suficiente para optar em ser uma pessoa boa mesmo não tendo aprendido isso com ninguém.

Por isso a própria Torá tem que nos testemunhar que a escolha dela era verdadeira.

Quando Eliezer, o servo de Avraham, chegou ao poço de Aram com dez camelos,  já era no final da tarde, quando os pastores já tinham deixado o poço e recolhido seus rebanhos.

Naquele horário chegavam as jovens que vinham encher seus jarros de água para abastecer suas casas.

Eliézer pediu para Rifka um pouco de água e ela tirou daquele poço água para Eliezer e também para todos seus dez camelos.

Tanto pelo horário que essas jovens chegavam ao poço, quanto pela quantidade de água que ela carregava, entendemos que elas eram grandes e fortes, e sendo que esse poço abastecia a cidade inteira incluindo seus rebanhos, entendemos que esse poço era gigantesco.

Rifka tinha somente três anos de idade e já era grande e forte, e daqui vemos que não temos como aplicar conceitos de força e tamanho de uma criança de três anos de hoje às crianças de 3.700 anos atrás.

Não só que as pessoas cresciam rapidamente, mas também os animais. Mas mesmo sendo uma menina de três anos de idade com um corpo de adolescente, mesmo assim a maturidade não se desenvolvia tão rapidamente como o tamanho das pessoas.

Por isso a Torá tem que testemunhar sobre Rifka que ela era exceção de regra, e sua opção em fazer o bem e de não fazer o mal era totalmente madura e consciente.

🌻🌻🌻🌻

Adoçando a Guevurá

O Zohar nos conta que nosso patriarca Itzhak era a revelação da Sefirá chamada de Guevurá do mundo de Atzilut nesse nosso mundo material.

A Guevurá é a essência da rigidez, e essa era a essência de Itzhak. Mas mesmo sendo essa Guevurá, a Guevurá do lado puro, ela não deixa de ser guevurá.

Rifka, diz o Zohar, também era guevurá, mas ela já era uma guevurá bem mais leve.

Na linguagem do Zohar, uma guevurá com um fio de, Hessed, um fio de bondade.

O Zohar nos conta que por causa disso Rifka conseguiu “adocicar” a guevurá de Itzhak conseguindo fazer com que a guevurá dele ficasse bem mais leve.

O Zohar explica que D’us tem que fazer um milagre nível abertura do mar vermelho para que uma mulher e um homem se casem.

E sendo que o objetivo Divino do casamento é que os dois se refinem, sempre vai haver essa diferença entre o marido e a mulher.

No caso de Avraham, ele era a revelação da Sefirá chamada de Hessed (bondade) de Atzilut nesse nosso mundo material.

Sarah estava ligada a Sefirá chamada de Guevurá (rigidez).

Nosso terceiro patriarca, Yaakov, era a Tiferet que é mais Hessed do que Hessed, e Leah era Guevurá.

E esse é o trabalho que Hashem coloca nas nossas mãos. Marido e mulher vão lapidando um ao outro durante toda a vida, mas com jeitinho para não causar atrito.

E assim, diz o Zohar, refinamos a nós próprios e consequentemente o mundo fica mais refinado.
🌻🌻🌻
Por que Itzhak queria dar a Brahá para Essav?

O Zohar nos conta que Itzhak era a Guevura do lado puro e Essav era  Guevura do lado impuro. Essav era o resquício da Guevura de Itzhak.

Diz o Zohar que cada pessoa se atrai por alguém que tem as mesmas características, independentemente da procedência dessas características.

Por isso Avraham gostava tanto de Ishmael por que ele também era hessed, mesmo sendo Ishmael a hessed do lado impuro.

Da mesma forma que existem dez Sefirot no lado puro, paralelamente a elas existem dez Sefirót no lado impuro.

A origem desse lado impuro é a quebra dos receptáculos do mundo de Tou, e por isso os quatro mundos que vem abaixo do mundo de Tou são chamados de Olam a Tikun, os mundos do conserto.

Esse conserto é o refinamento do lado bom separando dele o lado ruim. Esse é o motivo de ter saído de Avraham que era a Hessed do lado bom, Ishmael que era a hessed do lado ruim. E por esse mesmo motivo, de Itzhak que era a Guevurá do lado bom, saiu Essav que era a guevurá do lado ruim.

Sendo que as dez Sefirót do lado ruim que repassam a vitalidade de tudo o que é ruim tem origem na quebra dos receptáculos do mundo de Tou, elas desaparecerão no futuro quando finalizarmos o conserto do mundo do Tou.

Então tudo o que é ruim desaparecerá junto com elas, sendo que o lado impuro não vai ter de onde receber sua vitalidade.

A época do Mashia’h é dividida em duas etapas. Na segunda etapa acontece a profecia de Zeharia capítulo 13 versículo 2 que diz: “e o espírito da impureza vou tirar da terra”.
🌻🌻🌻🌻

Anjos do lado puro e anjos do lado impuro

Antes de D’us nos criar, ele criou os Anjos. Sendo que os quatro mundos espirituais e nosso mundo material foram criados a partir da destruição do mundo do Tou que deu origem ao mal, o conserto dos mundos aconteceria quando o primeiro homem, que era o objetivo da criação, se recusasse a fazer o mal.

Para que isso pudesse acontecer, Dus criou o anjo do mal para seduzir Adam e Havá e eles terem a oportunidade de se recusar a fazer o mal, e por meio dessa ação os mundos estariam consertados.

O anjo da morte, que é o extremo do lado impuro da Guevura, “baixou” na cobra, que é a criatura mais próxima a ele, ou seja, a mais traiçoeira das criaturas, e a cobra começou a falar.

A origem do aspecto feminino da Alma é a Sefirá chamada de Biná, que também é Sefirá do lado esquerdo como a Guevurá.

A Biná está acima da Guevurá e está sincronizada com ela, por isso o anjo da morte que é o lado impuro da Guevurá, baixou na cobra que é um animal impuro ligado à Guevurá e foi falar com a mulher sendo que o lado feminino da Alma tem origem na Biná que dá origem à Guevurá.

Havá convenceu Adam a fazer aquela primeira transgressão. Adam, Havá, e consequentemente o mundo inteiro, caíram na klipat noga que é o nível de impureza onde o bem e o mal estão misturados.

Quando Adam e Havá caíram, o anjo da morte ficou mais forte. Ele roubou as bênçãos de Adam e Havá por meio de trapaça, e o único jeito de tirar essas bençãos dele e nos trazer elas de volta seria por meio de trapaça também.

Espiritualmente falando, a humanidade se divide em setenta povos raízes, cada um falando uma língua diferente que são a origem de todas as línguas do mundo.

Todos os povos do mundo de hoje com todos os seus idiomas, são ramificações desses setenta povos originais e de seus setenta idiomas.

Cada povo tem um anjo responsável por ele que repassa a “cota” de vitalidade que esse povo vai receber lá de cima, e isso se transforma nos bens materiais desse povo aqui em baixo.

Quanto maior e mais importante se torna um povo aqui em baixo, mais importante se torna o anjo responsável por esse povo lá em cima.

Por isso, quando um desses setenta anjos reivindica para o seu povo aqui embaixo uma parte maior de terra e de bens, ele começa uma “briga” entre os anjos adversários à ele lá em cima, e consequentemente acontece uma guerra entre os povos que eles representam aqui em baixo.

No livro do profeta Daniel vemos várias indicações citando indiretamente os anjos responsáveis pela Pérsia e pela Grécia, e o Anjo Mihael que nessa divisão de povos lá em cima representa o nosso povo.

O Anjo Mihael é um dos Serafim que são os Anjos do mundo de Briá, Anjos do lado puro.

Os setenta anjos dos setenta povos são anjos do lado impuro, e o extremo de baixo desses povos é o povo de Essav que mais futuramente se divide em tribos, dando origem aos romanos e aos outros povos europeus.

Sendo que os Bnei Essav, os filhos de Essav, são o extremo de baixo de todos os povos, o anjo responsável por eles é o anjo do extremo de baixo, o S.M. (não falamos o nome para não atrair a coisa ruim) que é o anjo da morte, aquele que por meio de trapaça roubou as bençãos de Adam e Havá e as reivindicou para os Bnei Essav que são os povos da sua responsabilidade.

🌻🌻🌻🌻

Recuperando por meio de trapaça as bênçãos que tinham sido roubadas por meio de trapaça

Na nossa Parashá, Essav diz ao seu pai: -Será que por isso Yaakov “foi chamado” de Yaakov? (uma linguagem de “Ekev” que quer dizer calcanhar) já “me passou a perna” duas vezes. Pegou minha primogenitura e agora pegou a minha Brahá (benção).

O Zohar nos conta que realmente Yaakov nasceu para fazer isso.

Nossos três patriarcas eram a reencarnação dos três níveis da Alma de Adam a Rishon, do primeiro homem, o Adão que foi criado no Paraíso.

Avraham era a reencarnação do nível Nefesh de Adam a Rishon, Itzhak era a reencarnação do nível Rua’h e Yaakov do nível Neshamá, o nível mais elevado.

A cobra disse para Havá que Adam a Rishon se tornaria um deus depois de comer aquela fruta, e também disse que por isso D’us pediu para ele não comer aquela fruta, sendo que ninguém gosta de concorrência.

Ao comer a fruta da Etz Hadaat com aquela intenção, Adam a Rishon cometeu a transgressão de idolatria que afetou o nível mais baixo da sua Alma, o nível Nefesh.

Avraham era a reencarnação do nível Nefesh do Adam a Rishon, por meio de Avraham ter deixado as idolatrias e ensinado à todos o que é D’us, ele retificou o nível Nefesh da Alma do Adam a Rishon que tinha sido afetado pela idolatria que Adam fez por causa do conselho da cobra.

D’us tinha avisado Adam a Rishon que se ele comesse aquela fruta, ele iria trazer a morte para o mundo.

Adam causou com que ele próprio e o mundo inteiro morressem por causa dessa transgressão, e isso afetou o nível Rua’h da Alma dele.

Itzhak era a reencarnação do nível Rua’h de Adam a Rishon e o retificou por meio de ter se controlado no teste da “Aquedá”, quando Avraham quase fez dele um sacrifício e ele não reagiu.

Sendo que os dois níveis da Alma de Adam a Rishon que tinham sido danificados pelos “conselhos” da cobra já tinham sido retificados e Yaakov já era a retificação do nível Neshamá de Adam a Rishon, o nível mais elevado da Alma que se reveste nesse mundo, (existem mais dois níveis, mas eles não se revestem nesse mundo) chegou a hora de pegar as bênçãos de volta.

Mas sendo que elas tinham sido roubadas por meio de trapaça, elas só poderiam ser recuperadas dessa mesma forma.

Foi para isso que nasceu Yaakov, como disse o próprio Essav, para passar a perna nele. Mas será que essa era a intenção daquele Tzadik, daquela pessoa tão elevada que era Yaakov?

Nossa Parashá nos conta que Yaakov era um homem ingênuo. Rashi explica que a palavra “Tam”, usada pela nossa Parashá para definir a personalidade de Yaakov, significa alguém que não sabe enganar.

Então como Yaakov conseguiu recuperar as bençãos de Adam a Rishon por meio de trapaça se ele não sabia e também não era capaz de fazer isso?

A Parashá nos conta que no dia do falecimento do nosso primeiro patriarca, Avraham, Yaakov estava cozinhando lentilhas para seu pai que estava enlutado.

Aquele costume de o enlutado comer lentilhas era pelo fato de as lentilhas serem redondas, representando assim o ciclo da vida.

Essav chegou do campo “cansado”. Dizem nossos Sábios que naquele dia Essav tinha cometido adultério, assassinato e idolatria, e esse era o motivo do cansaço.

D’us tinha prometido para Avraham que ele iria falecer com tranquilidade. Por isso, Avraham faleceu cinco anos antes do tempo que teria que falecer, para não ver que Essav tinha cometido essas atrocidades e ficar atordoado por causa disso até o final da vida.

Daqui vemos que o que Essav tinha cometido aquele dia não tinha como esconder de ninguém, a ponto de Avraham ter que falecer antes da hora para não ficar sabendo disso.

Nessa situação Essav pede para Yaakov dar aquela comida “vermelha” para ele que acabou de derramar sangue.

A tradição judaica desde Avraham até o caso do bezerro de ouro, era de o primogênito ser o responsável por todos os assuntos religiosos da família. Qualquer pessoa, por mais ingênua que fosse, estava vendo que Essav não tinha condições de ser o “Rabino” da família.

No momento em que Essav pediu para Yaakov a comida que estava sendo feita para seu pai, Yaakov entendeu que está recebendo lá de cima uma oportunidade única de se tornar o responsável pelos assuntos religiosos da família no lugar desse criminoso, e assim Yaakov comprou a primogenitura de Essav.

Ou seja, Yaakov não teve a mínima intenção em enganar Essav. A única intenção de Yaakov era a de não deixar aquele criminoso se tornar o líder religioso da sua geração como foram Avraham e Itzhak antes dele.

Vendo a Divina providência que trouxe Essav morrendo de fome até ele, Yaakov viu que chegou a hora de assumir essa responsabilidade e se tornar o líder religioso da sua geração no lugar desse criminoso.

Yaakov não sabia que nesse momento e por meio dele, as bênçãos roubadas pela cobra por meio de trapaça começaram a ser recuperadas.

Muito pelo contrário, Yaakov sentiu que estava exercendo o mínimo de responsabilidade em relação aos assuntos religiosos da família e nunca imaginou que Hashem estava fazendo com que esse resgate espiritual de extrema importância estivesse acontecendo em tempo real por meio dele.
🌻🌻🌻🌻

A Brahá

A Parashá nos conta que quando Itzhak sentiu que sua vida já havia entrado na etapa final, pediu para Essav preparar comida para ele, e disse para Essav que nessa ocasião ele repassaria para ele as bênçãos Divinas.

A partir daquele momento Essav se tornaria literalmente o “dono do mundo”, se tornaria nosso terceiro patriarca.

Rifka entrou em pânico pelas consequências que isso acarretaria ao mundo inteiro.

Imediatamente, mas de maneira sigilosa, ela pediu para Yaakov fazer o abate de dois bodes, preparar a comida que seu pai tinha pedido para Essav, e amarrar nos seus braços a pele recém extraída dos bodes para seu pai pensar que ele é Essav.

Novamente Yaakov estava sendo induzido a fazer uma coisa contra seus  princípios.

Novamente a “cobra” seria enganada por aquele que tinha nascido ingênuo e não sabia enganar.

Novamente D’us iria fazer isso acontecer por meio dele.

D’us tinha revelado ao nosso primeiro patriarca, Avraham, toda a Torá antes de ela ter sido entregue para nós no Monte Sinai, incluindo obviamente as leis de abate “kasher”.

Yaakov obedeceu sua mãe, fez o abate dos dois bodinhos, extraiu a pele deles, e Rifka amarrou essas peles de bode nos braços e no pescoço de Yaakov.

Quando Yaakov trouxe a comida para seu pai, Itzhak, que já não estava enxergando, entendeu pela delicadeza das palavras do seu filho que era Yaakov quem estava na sua frente, e não Essav.

Itzhak pediu para Yaakov se aproximar e apalpou seus braços para verificar se ele era Essav de verdade.

Depois disso, Itzhak cheirou as roupas de Yaakov e disse:- O cheiro do meu filho está como o cheiro do campo que D’us abençoou, se referindo ao Paraíso do mundo superior.

Yaakov estava vestindo peles de bode recém extraídas, e o cheiro dessas peles com certeza está longe de ser chamado de “cheiro do paraíso”. Então, como pôde Itzhak dizer que o cheiro do seu filho está como o cheiro do campo que D’us abençoou, como o cheiro do Paraíso Superior?

Diz o Zohar que absolutamente não se tratava do cheiro das roupas de Yaakov, sendo que o próprio versículo diz: “o cheiro do meu filho”, mas essa afirmação aparece após o versículo dizer que ele cheirou as roupas de Yaakov.

O sopro e o cheiro nos exemplos da Torá

Está escrito que quando D’us criou o homem, fez uma criatura de terra e “soprou” nas suas narinas uma Alma de vida.

O Zohar nos conta que D’us não soprou, como vemos no segundo dos Dez Mandamentos que D’us está acima de todos os conceitos materiais.

Então por que a Torá usa a palavra soprou? Para nos mostrar que nossa Alma Divina é uma parte de D’us, como diz o Zohar, quem sopra, sopra o que tem no seu interior.

Nesse caso a palavra “soprou” vem nos indicar que a fonte da nossa Alma Divina é o mundo de Atzilut, por que acima de Atzilut já somos o “brilho do Sol dentro do próprio Sol”, já não somos uma “parte” de D’us. Acima de Atzilut já não temos nossa própria identidade.

Depois do dilúvio, quando Noa’h fez os sacrifícios, está escrito que “D’us cheirou o cheiro agradável…”. Novamente vamos para o Segundo  Mandamento e vemos que nenhum conceito material se aplica à D’us. Ou seja, D’us não cheirou! Novamente a Torá está nos dando um exemplo para nos indicar o raciocínio do assunto.

O animal é o extremo da grosseria deste mundo. Quando Noa’h transformou o animal em “trabalho Divino”, esse ato chegou ao mais alto nível espiritual.

Conclusão:

“Soprou”, como vimos no caso da Alma Divina, representa o mais alto nível descendo e se revestindo nesse mundo.

“Cheirou” que é o contrário de “soprou” representa o mais baixo nível subindo até o mais alto nível.

Itzhak “cheirou” as “roupas” de Yaakov e falou sobre o “cheiro” do seu filho e não sobre o cheiro das suas roupas.

Diz o Zohar que, sendo que Itzhak não tinha dados para determinar quem estava na sua frente porque estava quase cego e “a voz era a voz de Yaakov e os braços eram os braços de Essav”, Itzhak teve que “cheirar”.

Diz o Zohar que nesse caso, “cheirar” é olhar a partir do mundo de cima.

O versículo diz que Itzhak cheirou as roupas e sentiu o cheiro do filho. Explica o Zohar que cada ação no mundo de baixo causa uma sincronização no mundo de cima.

Quando fazemos algo, nossa Alma Divina recebe uma vestimenta. Se o que fizemos é uma boa ação, nossa Alma recebe uma vestimenta no paraíso, e por meio dessa vestimenta vamos usufruir de todos os prazeres do mundo superior.

Ou seja, nós somos a nossa Alma. Para usufruirmos desse mundo material precisamos de um corpo material que é a nossa vestimenta nesse mundo.

Para usufruirmos dos prazeres do paraíso superior precisamos de um corpo espiritual que é a nossa vestimenta naquele mundo.

 

Cada ação causa uma sincronização

Quando fazemos algo que é considerado uma boa ação pela Torá, recebemos uma vestimenta para a nossa Alma no Paraíso.

Quando fazemos algo ruim, recebemos uma vestimenta para a nossa Alma no gehinom que é o “inferno” judaico que já não vai mais existir no mundo da ressurreição.

Sendo que Itzhak não tinha como verificar neste mundo material quem era a pessoa que estava na sua frente, ele “cheirou as suas roupas” cheirou as roupas de Yaakov.

Ou seja, ele teve um acesso rápido ao mundo de cima e viu que as vestimentas da Alma de Yaakov estavam no nível do campo que D’us abençoou, no nível do Paraíso espiritual.

Consequentemente, a pessoa que estava na sua frente era digno de receber as Bra’hót, as bençãos Divinas.

E assim, sem saber, Itzhak repassou todas as bênçãos roubadas pela cobra para o seu verdadeiro dono, para quem merecia recebê-las.

Depois que Yaakov saiu Essav chegou. Está escrito que Itzhak ficou apavorado.

Novamente, sendo que Itzhak achava que Essav já esteve ali antes e já tinha recebido as bênçãos, Itzhak teve que olhar para as vestimentas espirituais da pessoa que estava na sua frente para ver quem ele era.

Nesse momento, diz o Zohar, Itzhak viu o gehinom, o inferno, aberto embaixo de Essav, e por isso entrou em pânico.

Esse inferno é o local espiritual da retificação da alma, e só vai existir enquanto o lado impuro existe, ou seja, até a época do Mashia’h

O fato de Essav já estar ligado à ele fez com que Itzhak entrasse em um grande pânico

Bra’hót na prática

Yaakov não usou as bençãos que recebeu e as guardou para a época do “parto” da nossa redenção final.

Yaakov entendeu que sem essas Bra’hót não teríamos como sobreviver a saída do último exílio que são os nossos exílios atuais, os exílios de Edom e Ishmael.

O Zohar nos conta sobre o que diz o profeta Yeshaiahu (Isaías capítulo 11 versículo 3) que  Mashia’h vai fazer os julgamentos pelo “cheiro” e não por meio de testemunhas.

Agora entendemos como isso funciona. Sendo que um dos trabalhos do Mashia’h é o de trazer de volta as dez tribos perdidas que hoje de acordo com o que se ouve ou o que se vê não teríamos como determinar quem é quem, o único jeito para isso é fazer como fez Itzhak e ver essa pessoa a partir do mundo de cima.

Então vamos rezar forte para que a Gueulá, nossa redenção final, aconteça imediatamente e o nosso mundo se torne realmente um mundo melhor 🌻
 

Shabat Shalom 🥰

Rabino Gloiber
Sempre correndo
Mas sempre rezando por você

www.RabinoGloiber.org

Na segunda etapa acontece a profecia de Zeharia capítulo 13 versículo 2 que diz: “e o espírito da impureza vou tirar da terra”.
🌻🌻🌻🌻

Anjos do lado puro e anjos do lado impuro

Antes de D’us nos criar, ele criou os Anjos. Sendo que os quatro mundos espirituais e nosso mundo material foram criados a partir da destruição do mundo do Tou que deu origem ao mal, o conserto dos mundos aconteceria quando o primeiro homem, que era o objetivo da criação, se recusasse a fazer o mal.

Para que isso pudesse acontecer, Dus criou o anjo do mal para seduzir Adam e Havá e eles terem a oportunidade de se recusar a fazer o mal, e por meio dessa ação os mundos estariam consertados.

O anjo da morte, que é o extremo do lado impuro da Guevura, “baixou” na cobra, que é a criatura mais próxima a ele, ou seja, a mais traiçoeira das criaturas, e a cobra começou a falar.

A origem do aspecto feminino da Alma é a Sefirá chamada de Biná, que também é Sefirá do lado esquerdo como a Guevurá.

A Biná está acima da Guevurá e está sincronizada com ela, por isso o anjo da morte que é o lado impuro da Guevurá, baixou na cobra que é um animal impuro ligado à Guevurá e foi falar com a mulher sendo que o lado feminino da Alma tem origem na Biná que dá origem à Guevurá.

Havá convenceu Adam a fazer aquela primeira transgressão. Adam, Havá, e consequentemente o mundo inteiro, caíram na klipat noga que é o nível de impureza onde o bem e o mal estão misturados.

Quando Adam e Havá caíram, o anjo da morte ficou mais forte. Ele roubou as bênçãos de Adam e Havá por meio de trapaça, e o único jeito de tirar essas bençãos dele e nos trazer elas de volta seria por meio de trapaça também.

Espiritualmente falando, a humanidade se divide em setenta povos raízes, cada um falando uma língua diferente que são a origem de todas as línguas do mundo.

Todos os povos do mundo de hoje com todos os seus idiomas, são ramificações desses setenta povos originais e de seus setenta idiomas.

Cada povo tem um anjo responsável por ele que repassa a “cota” de vitalidade que esse povo vai receber lá de cima, e isso se transforma nos bens materiais desse povo aqui em baixo.

Quanto maior e mais importante se torna um povo aqui em baixo, mais importante se torna o anjo responsável por esse povo lá em cima.

Por isso, quando um desses setenta anjos reivindica para o seu povo aqui embaixo uma parte maior de terra e de bens, ele começa uma “briga” entre os anjos adversários à ele lá em cima, e consequentemente acontece uma guerra entre os povos que eles representam aqui em baixo.

No livro do profeta Daniel vemos várias indicações citando indiretamente os anjos responsáveis pela Pérsia e pela Grécia, e o Anjo Mihael que nessa divisão de povos lá em cima representa o nosso povo.

O Anjo Mihael é um dos Serafim que são os Anjos do mundo de Briá, Anjos do lado puro.

Os setenta anjos dos setenta povos são anjos do lado impuro, e o extremo de baixo desses povos é o povo de Essav que mais futuramente se divide em tribos, dando origem aos romanos e aos outros povos europeus.

Sendo que os Bnei Essav, os filhos de Essav, são o extremo de baixo de todos os povos, o anjo responsável por eles é o anjo do extremo de baixo, o S.M. (não falamos o nome para não atrair a coisa ruim) que é o anjo da morte, aquele que por meio de trapaça roubou as bençãos de Adam e Havá e as reivindicou para os Bnei Essav que são os povos da sua responsabilidade.

Recuperando por meio de trapaça as bênçãos que tinham sido roubadas por meio de trapaça

Na nossa Parashá, Essav diz ao seu pai: -Será que por isso Yaakov “foi chamado” de Yaakov? (uma linguagem de “Ekev” que quer dizer calcanhar) já “me passou a perna” duas vezes. Pegou minha primogenitura e agora pegou a minha Brahá (benção).

O Zohar nos conta que realmente Yaakov nasceu para fazer isso.

Nossos três patriarcas eram a reencarnação dos três níveis da Alma de Adam a Rishon, do primeiro homem, o Adão que foi criado no Paraíso.

Avraham era a reencarnação do nível Nefesh de Adam a Rishon, Itzhak era a reencarnação do nível Rua’h e Yaakov do nível Neshamá, o nível mais elevado.

A cobra disse para Havá que Adam a Rishon se tornaria um deus depois de comer aquela fruta, e também disse que por isso D’us pediu para ele não comer aquela fruta, sendo que ninguém gosta de concorrência.

Ao comer a fruta da Etz Hadaat com aquela intenção, Adam a Rishon cometeu a transgressão de idolatria que afetou o nível mais baixo da sua Alma, o nível Nefesh.

Avraham era a reencarnação do nível Nefesh do Adam a Rishon, por meio de Avraham ter deixado as idolatrias e ensinado à todos o que é D’us, ele retificou o nível Nefesh da Alma do Adam a Rishon que tinha sido afetado pela idolatria que Adam fez por causa do conselho da cobra.

D’us tinha avisado Adam a Rishon que se ele comesse aquela fruta, ele iria trazer a morte para o mundo.

Adam causou com que ele próprio e o mundo inteiro morressem por causa dessa transgressão, e isso afetou o nível Rua’h da Alma dele.

Itzhak era a reencarnação do nível Rua’h de Adam a Rishon e o retificou por meio de ter se controlado no teste da “Aquedá”, quando Avraham quase fez dele um sacrifício e ele não reagiu.

Sendo que os dois níveis da Alma de Adam a Rishon que tinham sido danificados pelos “conselhos” da cobra já tinham sido retificados e Yaakov já era a retificação do nível Neshamá de Adam a Rishon, o nível mais elevado da Alma que se reveste nesse mundo, (existem mais dois níveis, mas eles não se revestem nesse mundo) chegou a hora de pegar as bênçãos de volta.

Mas sendo que elas tinham sido roubadas por meio de trapaça, elas só poderiam ser recuperadas dessa mesma forma.

Foi para isso que nasceu Yaakov, como disse o próprio Essav, para passar a perna nele. Mas será que essa era a intenção daquele Tzadik, daquela pessoa tão elevada que era Yaakov?

Nossa Parashá nos conta que Yaakov era um homem ingênuo. Rashi explica que a palavra “Tam”, usada pela nossa Parashá para definir a personalidade de Yaakov, significa alguém que não sabe enganar.

Então como Yaakov conseguiu recuperar as bençãos de Adam a Rishon por meio de trapaça se ele não sabia e também não era capaz de fazer isso?

A Parashá nos conta que no dia do falecimento do nosso primeiro patriarca, Avraham, Yaakov estava cozinhando lentilhas para seu pai que estava enlutado.

Aquele costume de o enlutado comer lentilhas era pelo fato de as lentilhas serem redondas, representando assim o ciclo da vida.

Essav chegou do campo “cansado”. Dizem nossos Sábios que naquele dia Essav tinha cometido adultério, assassinato e idolatria, e esse era o motivo do cansaço.

D’us tinha prometido para Avraham que ele iria falecer com tranquilidade. Por isso, Avraham faleceu cinco anos antes do tempo que teria que falecer, para não ver que Essav tinha cometido essas atrocidades e ficar atordoado por causa disso até o final da vida.

Daqui vemos que o que Essav tinha cometido aquele dia não tinha como esconder de ninguém, a ponto de Avraham ter que falecer antes da hora para não ficar sabendo disso.

 

Nessa situação Essav pede para Yaakov dar aquela comida “vermelha” para ele que acabou de derramar sangue.

A tradição judaica desde Avraham até o caso do bezerro de ouro, era de o primogênito ser o responsável por todos os assuntos religiosos da família. Qualquer pessoa, por mais ingênua que fosse, estava vendo que Essav não tinha condições de ser o “Rabino” da família.

No momento em que Essav pediu para Yaakov a comida que estava sendo feita para seu pai, Yaakov entendeu que está recebendo lá de cima uma oportunidade única de se tornar o responsável pelos assuntos religiosos da família no lugar desse criminoso, e assim Yaakov comprou a primogenitura de Essav.

Ou seja, Yaakov não teve a mínima intenção em enganar Essav. A única intenção de Yaakov era a de não deixar aquele criminoso se tornar o líder religioso da sua geração como foram Avraham e Itzhak antes dele.

Vendo a Divina providência que trouxe Essav morrendo de fome até ele, Yaakov viu que chegou a hora de assumir essa responsabilidade e se tornar o líder religioso da sua geração no lugar desse criminoso.

Yaakov não sabia que nesse momento e por meio dele, as bênçãos roubadas pela cobra por meio de trapaça começaram a ser recuperadas.

Muito pelo contrário, Yaakov sentiu que estava exercendo o mínimo de responsabilidade em relação aos assuntos religiosos da família e nunca imaginou que Hashem estava fazendo com que esse resgate espiritual de extrema importância estivesse acontecendo em tempo real por meio dele.
A Brahá

A Parashá nos conta que quando Itzhak sentiu que sua vida já havia entrado na etapa final, pediu para Essav preparar comida para ele, e disse para Essav que nessa ocasião ele repassaria para ele as bênçãos Divinas.

A partir daquele momento Essav se tornaria literalmente o “dono do mundo”, se tornaria nosso terceiro patriarca.

Rifka entrou em pânico pelas consequências que isso acarretaria ao mundo inteiro.

Imediatamente, mas de maneira sigilosa, ela pediu para Yaakov fazer o abate de dois bodes, preparar a comida que seu pai tinha pedido para Essav, e amarrar nos seus braços a pele recém extraída dos bodes para seu pai pensar que ele é Essav.

Novamente Yaakov estava sendo induzido a fazer uma coisa contra seus  princípios.

Novamente a “cobra” seria enganada por aquele que tinha nascido ingênuo e não sabia enganar.

Novamente D’us iria fazer isso acontecer por meio dele.

D’us tinha revelado ao nosso primeiro patriarca, Avraham, toda a Torá antes de ela ter sido entregue para nós no Monte Sinai, incluindo obviamente as leis de abate “kasher”.

Yaakov obedeceu sua mãe, fez o abate dos dois bodinhos, extraiu a pele deles, e Rifka amarrou essas peles de bode nos braços e no pescoço de Yaakov.

Quando Yaakov trouxe a comida para seu pai, Itzhak, que já não estava enxergando, entendeu pela delicadeza das palavras do seu filho que era Yaakov quem estava na sua frente, e não Essav.

Itzhak pediu para Yaakov se aproximar e apalpou seus braços para verificar se ele era Essav de verdade.

Depois disso, Itzhak cheirou as roupas de Yaakov e disse:- O cheiro do meu filho está como o cheiro do campo que D’us abençoou, se referindo ao Paraíso do mundo superior.

Yaakov estava vestindo peles de bode recém extraídas, e o cheiro dessas peles com certeza está longe de ser chamado de “cheiro do paraíso”. Então, como pôde Itzhak dizer que o cheiro do seu filho está como o cheiro do campo que D’us abençoou, como o cheiro do Paraíso Superior?

Diz o Zohar que absolutamente não se tratava do cheiro das roupas de Yaakov, sendo que o próprio versículo diz: “o cheiro do meu filho”, mas essa afirmação aparece após o versículo dizer que ele cheirou as roupas de Yaakov.

 

O sopro e o cheiro nos exemplos da Torá

Está escrito que quando D’us criou o homem, fez uma criatura de terra e “soprou” nas suas narinas uma Alma de vida.

O Zohar nos conta que D’us não soprou, como vemos no segundo dos Dez Mandamentos que D’us está acima de todos os conceitos materiais.

Então por que a Torá usa a palavra soprou? Para nos mostrar que nossa Alma Divina é uma parte de D’us, como diz o Zohar, quem sopra, sopra o que tem no seu interior.

Nesse caso a palavra “soprou” vem nos indicar que a fonte da nossa Alma Divina é o mundo de Atzilut, por que acima de Atzilut já somos o “brilho do Sol dentro do próprio Sol”, já não somos uma “parte” de D’us. Acima de Atzilut já não temos nossa própria identidade.

Depois do dilúvio, quando Noa’h fez os sacrifícios, está escrito que “D’us cheirou o cheiro agradável…”. Novamente vamos para o Segundo  Mandamento e vemos que nenhum conceito material se aplica à D’us. Ou seja, D’us não cheirou! Novamente a Torá está nos dando um exemplo para nos indicar o raciocínio do assunto.

O animal é o extremo da grosseria deste mundo. Quando Noa’h transformou o animal em “trabalho Divino”, esse ato chegou ao mais alto nível espiritual.

Conclusão:

“Soprou”, como vimos no caso da Alma Divina, representa o mais alto nível descendo e se revestindo nesse mundo.

“Cheirou” que é o contrário de “soprou” representa o mais baixo nível subindo até o mais alto nível.

Itzhak “cheirou” as “roupas” de Yaakov e falou sobre o “cheiro” do seu filho e não sobre o cheiro das suas roupas.

Diz o Zohar que, sendo que Itzhak não tinha dados para determinar quem estava na sua frente porque estava quase cego e “a voz era a voz de Yaakov e os braços eram os braços de Essav”, Itzhak teve que “cheirar”.

Diz o Zohar que nesse caso, “cheirar” é olhar a partir do mundo de cima.

O versículo diz que Itzhak cheirou as roupas e sentiu o cheiro do filho. Explica o Zohar que cada ação no mundo de baixo causa uma sincronização no mundo de cima.

Quando fazemos algo, nossa Alma Divina recebe uma vestimenta. Se o que fizemos é uma boa ação, nossa Alma recebe uma vestimenta no paraíso, e por meio dessa vestimenta vamos usufruir de todos os prazeres do mundo superior.

Ou seja, nós somos a nossa Alma. Para usufruirmos desse mundo material precisamos de um corpo material que é a nossa vestimenta nesse mundo.

Para usufruirmos dos prazeres do paraíso superior precisamos de um corpo espiritual que é a nossa vestimenta naquele mundo.

 

Cada ação causa uma sincronização

Quando fazemos algo que é considerado uma boa ação pela Torá, recebemos uma vestimenta para a nossa Alma no Paraíso.

Quando fazemos algo ruim, recebemos uma vestimenta para a nossa Alma no gehinom que é o “inferno” judaico que já não vai mais existir no mundo da ressurreição.

Sendo que Itzhak não tinha como verificar neste mundo material quem era a pessoa que estava na sua frente, ele “cheirou as suas roupas” cheirou as roupas de Yaakov.

Ou seja, ele teve um acesso rápido ao mundo de cima e viu que as vestimentas da Alma de Yaakov estavam no nível do campo que D’us abençoou, no nível do Paraíso espiritual.

Consequentemente, a pessoa que estava na sua frente era digno de receber as Bra’hót, as bençãos Divinas.

E assim, sem saber, Itzhak repassou todas as bênçãos roubadas pela cobra para o seu verdadeiro dono, para quem merecia recebê-las.

Depois que Yaakov saiu Essav chegou. Está escrito que Itzhak ficou apavorado.

Novamente, sendo que Itzhak achava que Essav já esteve ali antes e já tinha recebido as bênçãos, Itzhak teve que olhar para as vestimentas espirituais da pessoa que estava na sua frente para ver quem ele era.

Nesse momento, diz o Zohar, Itzhak viu o gehinom, o inferno, aberto embaixo de Essav, e por isso entrou em pânico.

Esse inferno é o local espiritual da retificação da alma, e só vai existir enquanto o lado impuro existe, ou seja, até a época do Mashia’h

O fato de Essav já estar ligado à ele fez com que Itzhak entrasse em um grande pânico

 

Bra’hót na prática

Yaakov não usou as bençãos que recebeu e as guardou para a época do “parto” da nossa redenção final.

Yaakov entendeu que sem essas Bra’hót não teríamos como sobreviver a saída do último exílio que são os nossos exílios atuais, os exílios de Edom e Ishmael.

O Zohar nos conta sobre o que diz o profeta Yeshaiahu (Isaías capítulo 11 versículo 3) que  Mashia’h vai fazer os julgamentos pelo “cheiro” e não por meio de testemunhas.

Agora entendemos como isso funciona. Sendo que um dos trabalhos do Mashia’h é o de trazer de volta as dez tribos perdidas que hoje de acordo com o que se ouve ou o que se vê não teríamos como determinar quem é quem, o único jeito para isso é fazer como fez Itzhak e ver essa pessoa a partir do mundo de cima.

Então vamos rezar forte para que a Gueulá, nossa redenção final, aconteça imediatamente e o nosso mundo se torne realmente um mundo melhor 🌻
 

Shabat Shalom 🥰

Rabino Gloiber
Sempre correndo
Mas sempre rezando por você

www.RabinoGloiber.org

Mensagem da Parashá

As Bra’hót deles e as nossas Bra’hót

A Bra’há de Ishmael

Ishmael recebeu sua Brahá dos anjos que se revelaram para Hagar como vemos em Bereshit  :- “E disse a ela o Anjo de D’us , volte para a sua dona e se aflija nas mãos dela , você vai engravidar e dar a luz a um menino e o chamará de Ishmael porque D’us ouviu seu desespero, ele será um selvagem, sua mão estará sobre todos e a mão de todos sobre ele e se expandirá pelo mundo”….

Vemos que essa Bra’há aconteceu com os descendentes do Ishmael e surgiu dela um império Árabe que durou centenas de anos , se expandiu da Índia à Península Ibérica e durou mais do que qualquer império antigo , sua mão está sobre todos , que precisam do petróleo e a mão de todos sobre eles por dependerem dos outros em tudo.

 

A Bra’há de Essav

 

Essav recebeu a Brachá de viver pela espada, e vemos que essa Bra’há aconteceu com os descendentes de Essav que deram origem ao império romano e aos povos europeus e suas colônias que conquistaram o mundo pela força e até hoje continuam usando ela para intimidar ou destruir sempre que acham necessário.

 

A nossa Bra’há

 

Nós somos os descendentes de Yaakov , porque a Bra’há que ele recebeu com tanta dificuldade aparentemente não acontece ?

 

O Zohar nos conta que as Bra’hót foram entregues (e a nossa é a maior de todas).

 

Essav que só pensava nos prazeres desse mundo usou elas para aproveitar o mundo aqui em baixo consequentemente herdando esse mundo.

 

Yaakov as guardou lá encima para o futuro .

 

Em breve , em nossos dias quando chegar o Mashia’h , junto com Yaakov vamos usufruir das Bra’hót tanto lá em cima quanto aqui embaixo.

 

Essav perderá tudo e não vai sobrar dele nenhuma lembrança , então Yaakov herdará os dois mundos .

 

Ovadiahu Hanaví era de Edom , descendentes de Essav. Ele se converteu ao judaísmo e chegou ao alto nível de profeta sendo escolhido por D’us para trazer ao mundo a profecia do que vai acontecer aos descendentes de Essav no final dos tempos .

 

Ovadiahu diz sobre esse tempo:- “E subirão os libertadores no monte Tzion para julgar o morro de Essav , e será de D’us a monarquia .

 

O profeta Zechária diz sobre isso :- E D’us será Rei sobre toda a terra , naquele dia D’us será Único (todos os povos vão abandonar suas religiões e servir somente D’us) e seu nome Único . Só o Nome de D’us será mencionado por todos.

 

Rabino Gloiber

Sempre correndo

Mas sempre rezando por você

www.RabinoGloiber.org

Mensagem da Parashá www.RabinoGloiber.org

Os fatos por trás do aparente “roubo das Brahot”

 

Adam, o primeiro homem e Hava, a primeira mulher foram abençoados por D’us e a vida no paraíso terrestre era um “verdadeiro Paraíso”.

 

Mas o anjo da morte baixou na cobra que na época tinha forma humana, por meio de trapaça “roubou” deles as bençãos Divinas.

 

O Zohar nos conta que Yaakov tinha a alma do Adam e Essav tinha a alma da cobra. Se Itzhak desse a Brahá, a benção, para Essav, iria causar com que a cobra (Essav) recebesse oficialmente a Brahá que tinha roubado de Adam e Havá.

 

Diz o Zohar que sendo que a cobra tinha tirado a Brahá por trapaça , o único jeito de tirar essa Brahá do poder espiritual da cobra teria que ser também por meio de trapaça .

 

Yaakov não tinha pensado no lado material das Brahot , mas sim na função espiritual que o primogênito receberia que era a de ser o responsável por todo o trabalho espiritual do nosso povo.

 

Yaakov conhecia Essav muito bem e estava consciente de que ser responsável por alguma função religiosa era a última coisa que poderia ser relacionada ao  perfil de Essav, e se isso acontecesse seria uma catástrofe.

 

Sem restar outra opção para fazer isso a não ser a trapaça , Yaakov comprou a primogenitura de Essav em uma hora de aperto para que Essav não fosse mais o responsável pelos assuntos religiosos do nosso povo.

 

A Brahá que foi roubada pela cobra por trapaça agora volta ao seu dono original também por trapaça , único jeito de resgatá-la !

 

Cheiro de “Gan Éden”

 

Quando Yaakov vai receber as Brahot de seu pai que já estava cego, entra fantasiado de Essav vestido com peles de bode recém extraídas e ainda não curtidas (e com certeza ainda com um grande cheirinho de bode).

 

Yaakov ouve do seu pai a seguinte frase:- “O cheiro do meu filho é como o cheiro do campo que D’us abençoou” , referência ao Gan Eden (o paraíso).

 

Parece que Itzchak quis dizer com isso que já entendeu que essa história está cheirando uma continuação do que aconteceu no Gan Éden” entre o Adam e a cobra e por isso deu a Brahá para Yaakov mesmo sentindo que está sendo enganado.

 

Rabino Gloiber

Sempre correndo

Mas sempre rezando por você

www.RabinoGloiber.org